Semana Inclusiva 2018 supera expectativa dos organizadores e bate recorde de público

Florianópolis - O Parque de Coqueiros, em Florianópolis, foi palco no primeiro domingo da primavera de uma grande festa de integração. Centenas de pessoas se reuniram no local para conhecer e participar de várias atividades esportivas adaptadas desenvolvidas por entidades e associações da Grande Florianópolis. Foi o encerramento da Semana Inclusiva 2018 que encantou o público com uma  aula de zumba comandada por professores e alunos da Associação Amigo Down e com a luta de capoeira que a Fundação Catarinense de Educação Especial (FCEE) realiza com os seus alunos para trabalhar a coordenação motora das pessoas com deficiência.

A ação foi organizada por estas duas instituições que fizeram apresentações, juntamente com a Associação Catarinense para Integração do Cego (ACIC), o Instituto Paulo Escobar (IPE), a Associação Florianopolitana de Deficientes Físicos (AFLODEF), o Serviço Social do Comércio (SESC/SC), O SESI/FIESC , a Associação Amigo Down,  a Associação Surf sem Fronteiras e o Instituto Guga Kuerten. Estes outros parceiros disponibilizaram os equipamentos adaptados para a comunidade ver de perto como as atividades são feitas e os resultados práticos do esporte como inclusão, utilizado também para o desenvolvimento físico e mental de PcDs.



Dia D incentiva contratação de PcDs

Antes da festa de encerramento, no sábado, foi realizado pela quarta vez o Dia D , principal avento da Semana Inclusiva, no campus do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), com o propósito de incluir as pessoas com deficiência e reabilitados do INSS no mercado de trabalho, por empresas da Grande Florianópolis que se enquadram no art.93 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991.

CLIQUE AQUI PARA VER O ÁLBUM DE FOTOS DO DIA D
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Segundo o Ministério do Trabalho 288 empresas da região são obrigadas a cumprir a Lei das Cotas e deveriam contratar 7.443 PcDs e/ou reabilitados. No entanto, somente 3.623 estão empregadas, enquanto outras 3.820 aguardam por uma vaga. Para participar do Dia D, 195 foram notificadas pelo Ministério do Trabalho e Ministério Público do Trabalho em Santa Catarina, disponibilizando 320 vagas no SINE. E, os resultados começam a aparecer. Alguns candidatos presentes ao feirão de empregos já estão sendo contratados.

Para alegria dos organizadores e do público, o tenista Guga Kuerten deu uma rápida passagem pela feira para parabenizar as instituições envolvidas na ação, Virou atração, foi assediado pelos fãs e pousou para fotos.

Guga com equipe do MPT e MT no Dia D
Guga com equipe do MPT e MT no Dia D

Seminário “Consolidação da Lei Brasileira de Inclusão: Avanços e possibilidades”

No dia 18, os auditórios do Ministério Público do Trabalho e do Ministério Público Federal ficaram lotados para o Seminário “Consolidação da Lei Brasileira de Inclusão: Avanços e possibilidades”. Mais de 200 pessoas se inscreveram para a troca de experiências e esclarecimentos sobre a legislação voltada às pessoas com deficiência.



O auditor fiscal do Trabalho Rafael Giguer, além dos esclarecimentos técnicos da Lei Brasileira de Inclusão, dividiu com o público a experiência de vida dele como uma pessoa de baixa visão que com muitos desafios e “nãos” conseguiu se formar em Engenharia de Produtos pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, passar no concurso de fiscal do Ministério do Trabalho e hoje integrar o projeto de inclusão de Pessoas com Deficiência no Mercado de Trabalho no Rio Grande do Sul.

Rafael foi enfático ao afirmar que a ausência de acessibilidade é a grande geradora da experiência da deficiência.  Segundo ele, o trabalho que dignifica o homem é negado a este público não pela falta de competência dos profissionais, mas sim por limitações que devem ser compensadas com providências que garantam o acesso dele aos mesmos direitos assegurados a toda a sociedade. “ A LBI tem como base a Declaração Universal dos Direitos Humanos onde todos os seres humanos são declarados livres e iguais em dignidade e nos direitos. Uma pena que para que se cumpra a lei é preciso outra lei. É o caso da LBI. Só começou a ser respeitada a partir de 2001 quando o MTb passou a fiscalizar as empresas. Muita coisa mudou de lá para cá, mas muito ainda tem que fazer. Dos mais de 35 mil cotistas de Santa Catarina, por exemplo, somente 18 mil tem carteira assinada hoje”, lamentou.

A blogueira Mariana Torquato, dona do canal do YouTube “Vai uma Mãozinha aí?”, também partilhou com o público a sua história de vida. Mariana nasceu sem o braço esquerdo por complicações durante a gestação e encontra nos vídeos uma forma humorada e sem tabus de esclarecer sobre as deficiências. Hoje Mariana tem mais de 143 mil inscritos no canal, encontrou na Internet uma valorização pessoal e uma forma de ajudar os outros. “Eu me mostrei para o mundo e hoje sou referência para outras pessoas com deficiência que se escondem de si mesmas, vítimas do preconceito”.

Blogueira Mariana Torquato, dona do canal do YouTube “Vai uma Mãozinha aí?”
Blogueira Mariana Torquato, dona do canal do YouTube “Vai uma Mãozinha aí?”


O trabalho desenvolvido pelo SENAC por meio do Comitê de Inclusão de Pessoas com Deficiência foi apresentado pela Gisele da Costa, Integrante do Departamento Regional do Senac em Santa Catarina. Um case de sucesso, exemplificado ao vivo. Com ela estavam, Marcelo Lorensi Bertoluci, Assistente Educacional do Senac que é surdo e Daniele Primo da Silva, Assistente de Atendimento e Vendas na Faculdade Senac de Florianópolis, que tem nanismo e há mais de 20 anos trabalha no Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial. Os dois se emocionaram ao faltar do quanto é importante uma pessoa com deficiência ser valorizada como profissional.

SENAC expõe Comitê de Inclusão de Pessoas com Deficiência
SENAC expõe Comitê de Inclusão de Pessoas com Deficiência


As palestras da manhã foram transmitidas ao vivo e estão disponíveis na página do Facebook da Semana Inclusiva.


À tarde, na Oficina “Pessoa com Deficiência: Assédio Moral no Trabalho e Discriminação”, a Procuradora do Trabalho, Valdirene Silva de Assis, coordenadora nacional da Coordenadoria Nacional de Promoção de Igualdade de Oportunidade e Eliminação da Discriminação no Trabalho (COORDIGUALDADE), explicou como acontece a atuação do Ministério Público do Trabalho (MPT) para cobrar a cota de PcDs nas empresas. O tema também foi abordado pelo coordenador do convênio de pesquisa do Ministério do Trabalho, Renato Tocchetto de Oliveira, atualmente cedido à Universidade Federal de Santa Catarina para a construção do Modelo Preventivo para as Questões Psicossociais do Trabalho na UFSC e pela professora titular do Departamento de Psicologia da UFSC, Suzana da Rosa Tolfo. Na palestra, listaram as características e consequências do assédio moral no trabalho e suas relações com a discriminação.

Procuradora do Trabalho Valdirene Silva de Assis
Procuradora do Trabalho Valdirene Silva de Assis


O auditor fiscal Rafael Giguer também participou da Oficina “Aprendizagem Profissional: Inserção da pessoa com deficiência no trabalho” junto com o procurador do Trabalho Marcelo Goss Neves, representante regional da Coordenadoria Nacional de Combate à Exploração do Trabalho da Criança e do Adolescente (COORDINFÂNCIA). Rafael deu exemplos de jovens com deficiência que a partir do programa de aprendizagem aprenderam a desenvolver atividades simples que dentro de casa jamais seriam capazes de fazer por causa da “superproteção das mães”. Contou do caso de um rapaz com deficiência intelectual que não sabia amarrar o cadarço do tênis e descobriu num treinamento de aprendizagem profissional, para uso de botas de EPI (Equipamento de Proteção Individual), que tinha sim essa habilidade.

O auditor fiscal Rafael Giguer  e procurador do Trabalho Marcelo Goss Neves na oficina sobre aprendizagem
O auditor fiscal Rafael Giguer e procurador do Trabalho Marcelo Goss Neves na oficina sobre aprendizagem


A oficina “Esporte, Inclusão e Qualidade de Vida” teve como principais protagonistas, a paratleta Edilene Boaventura, deficiente visual, tricampeã no PARAJASC, campeã nos Estados do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina e Paulo Escobar, diretor presidente e idealizador do Instituto Paulo Escobar. Outras instituições que trabalham com modalidades esportivas adaptadas puderam expor quais as práticas desenvolvem na Grande Florianópolis e os benefícios das atividades físicas para as pessoas com deficiência.

Paratleta Edilene Boaventura fala de superação
Paratleta Edilene Boaventura fala de superação

Maria Antônia Goulart, membro do Grupo de Trabalho Nacional de Criatividade e Inovação do MEC e bacharel em Direito pela UNB coordenou a oficina “O Desenho Universal da Aprendizagem”, conhecido também como desenho para todos. A ferramenta foi criada para que mais pessoas, de várias idades, identifiquem símbolos com facilidade, ajudando na comunicação.

Maria Antônia Goulart na Oficina sobre Desenho Universal
Maria Antônia Goulart na Oficina sobre Desenho Universal


Na oficina “Arquitetura e Acessibilidade” a Promotora de Justiça Ariadne Klein Sartori, coordenadora adjunta do Centro de Apoio Operacional do Ministério Público de Santa Catarina, falou da importância da acessibilidade nos projetos de construções em edificações públicas e particulares. Ajudaram nos esclarecimentos ao público acerca do tema, a presidente da Comissão de Direito das Pessoas com Deficiência da OAB/SC, Ludmila Hanisch e Patrícia Paiva D’Alessandro, membro especial da Comissão de Direito das Pessoas com Deficiência da OAB/SC.

MPSC e OAB dividem palaetra sobre acessibilidade em SC
MPSC e OAB dividem palaetra sobre acessibilidade em SC

Novidades em evento cultural da Semana Inclusiva

Fabrício Antônio Raupp, Presidente do Conselho Regional de Psicologia de Santa Catarina, informou durante a atração cultural da Semana Inclusiva 2018, no CIC, no dia 20 de setembro, que a Instituição está fazendo um levantamento dos psicólogos que trabalham com PcDs ou que tem algum tipo de deficiência para formar uma grande rede de inclusão.

O anúncio foi feito logo depois da Roda de Conversa que apresentou as linguagens artísticas nos processos de inclusão e socialização desenvolvidos na capital.

A Diretoria de Difusão Artísticas da Fundação Catarinense de Cultura - DIDA-FCCA, por exemplo, compartilhou a conquista com o aprendizado das Oficinas de Cultura e Linguagem. Destaque para as ações em parceria com a Associação Nacional Câncer Boca e Garganta - ACBG, com o Centro de Pesquisa em Oncologia de Santa Catarina - CEPON e com o Grupo de Apoio ao Larinjectomizado e Famiares – GAL. Da parceria foi formado o grupo Cantarolar, formado por pacientes laringectomizados. Presentes no evento, deram um show de superação.

O Núcleo de Ação Educativa do Museu de Arte de Santa Catarina - NAE-MASC, fez uma exposição das iniciativas desenvolvidas junto à Associação Catarinense para a Integração do Cego - ACIC e os Centros de Apoio Psicossocial - CAPS.  Para divulgar a inclusão social por meio da música, os integrantes da ACIC Tábata Duarte que é cantora e tem baixa visão e o músico Gustavo Simas, encantaram o público com  suas apresentações.

O evento teve ainda o lançamento oficial do documentário “Era um garoto que como eu amava os Beatles e os Rolling Stones”. O curta metragem coordenado pela cineasta Rosana Cacciatore, professora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), foi produzido pelos alunos da oficina “Formação do Olhar para a Realização de Documentários”. Ele conta a história de três jovens: um com paralisia cerebral e os outros dois com autismo. Ajudados por uma musico terapeuta e um psicólogo formaram a banda de rock inclusiva denominada “Os Goiabeiras.”. A estreia, com entrada gratuita, está marcada para o dia 03 de outubro no TAC.

 

Fonte: Assessoria de Comunicação MPT-SC

Coordenação: Fátima Reis

Estagiária: Karoline Ribeiro

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Publicado em 26/09/2018

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