Live “Saúde mental e trabalho – o que a pandemia tem nos ensinado?”

Psicóloga aponta estratégias para o servidor público manter qualidade de vida e superar as dificuldades físicas e psicológicas neste período de Covid-19

Florianópolis - Na segunda-feira (31.05) a Comissão Socioambiental do Ministério Público do Trabalho em Santa Catarina, promoveu o webinar “Saúde mental e trabalho: o que a pandemia tem nos ensinado?”, direcionado principalmente para o público interno do MPT em todo o Brasil. A transmissão ao vivo discutiu algumas das causas e efeitos do trabalho remoto durante o distanciamento social e a pandemia de Covid-19 na saúde física e mental dos servidores.

Procurador do Trabalho Marcelo Dal Pont e Dra. Rafaela Luiza  Trevisan
Procurador do Trabalho Marcelo Dal Pont e Dra. Rafaela Luiza Trevisan

Exibido pelo canal do Youtube TVMPT, o webinar teve como palestrante a psicóloga perita da Secretaria de Estado da Administração de Santa Catarina, Rafaela Luiza  Trevisan [CRP12/06149], especialista em saúde mental e trabalho, a qual apresentou  algumas estratégias de autocuidado, notadamente reconhecidas cientificamente, para lidar com a saúde durante o período de pandemia, assim como com os seus impactos para além do trabalho, na vida pessoal e nas relações interpessoais.

A Dra. Rafaela estuda a saúde mental do servidor público estadual e tem acompanhado o avanço de complicações mentais em decorrência do trabalho, e mais ainda nesse contexto tão singular e de adversidades. Em sua palestra, apresentou dados sobre o serviço público brasileiro, no qual os transtornos mentais figuram entre a primeira e terceira causa de afastamento do trabalho por motivo de doença. Em maio de 2020, com a pandemia, a OMS já estimava que de 1/3 a 50% da população teria repercussões emocionais. Nesse momento há pesquisas que já apontam que mais de 50%, das pessoas entrevistadas, tiveram uma piora na saúde mental e na qualidade de vida. “A OMS já nos alertava que o mundo viveria uma pandemia de saúde mental também, além da saúde pública e isso, infelizmente, está se concretizando”, explicou a psicóloga.

De acordo com Rafaela, a realidade do trabalho, as condições para o exercício de diversas funções, concomitantemente e em meio a condições, organização e relações de trabalho, muitas vezes precárias, colaboraram para o agravamento do mal-estar coletivo: “Abruptamente, muitas pessoas foram obrigadas a trabalhar de casa, sem estrutura, utilizando os equipamentos disponíveis, seja próprio ou emprestado pela empresa ou contratante. A carga de trabalho em alguns casos diminuiu, o índice de desemprego aumentou, mas para muitas pessoas houve uma sobrecarga de trabalho. Um estressor importante do ponto de vista da saúde mental”.

Segundo Rafaela, conforme esperado a pandemia causou e segue causando, instabilidade emocional na população mundial. Sentimentos de medo, frustração pela ruptura com a realidade antes habitual, ansiedade, irritabilidade, inquietude, vulnerabilidade e a constante sensação de insegurança são alguns dos sentimentos recorrentes que fatores citados pela psicóloga.  Além disso: “Alterações do sono, do apetite, do desejo sexual e conflitos familiares são os efeitos comuns da atual rotina”, pontuou.

A maior parte dos sintomas emocionais citados podem ser comuns a qualquer ser humano, num momento de instabilidade, como a ansiedade, irritabilidade, nervosismo, introspecção e alguns sintomas depressivos, explicou a especialista. No entanto, para a psicóloga, esses sintomas se tornam problemas quando a intensidade é tamanha que nos torna disfuncionais a maior parte do tempo e começa a atrapalhar o nosso desenvolvimento, a higiene pessoal, a produtividade e as relações interpessoais. “Ter ou não ter (transtornos mentais) é, em muitos casos, uma questão de intensidade”, ela simplifica. E o período atual, de distanciamento físico social, pela Covid-19 piorou essa situação.

Como base, para adesão de estratégias de autocuidado, reconhecidas como favoráveis à estabilidade emocional, para lidar com esses estressores, a psicóloga sugere, quando possível, uma autoanálise ao longo do tempo, para verificar a intensidade dos sintomas no decorrer de um determinado período. “Saúde mental é justamente conseguir realizar as habilidades, se dedicar ao trabalho, promover bem-estar, qualidade de vida e o desenvolvimento da sociedade na qual se está inserido”.  Rafaela diz ainda que “dentro do ambiente de trabalho, o que costuma ser mais importante quando se fala em saúde mental é a questão das relações interpessoais. Se há apoio social no trabalho, sentimentos genuínos e recíprocos de lealdade, deverá haver alguma harmonia no ambiente do trabalho, e esse será um ambiente mais favorável   à saúde mental da coletividade ali inserida”.

Apesar de todas as adversidades, a psicóloga considera que a pandemia também possibilitou várias mudanças positivas, como a legitimação do espaço virtual como forma de aproximação de pessoas e o estreitamento das fronteiras. Outro ponto positivo a ser observado é a capacidade de adaptação e flexibilidade da sociedade, de modo geral, que tem conseguido lidar com as adversidades com criatividade e superação, apesar do momento. Também houve, para alguns, uma valorização da importância do contato físico, da proximidade, a percepção da importância do contato, do abraço, da conversa frente a frente.


Rafaela citou estratégias mais amplas para lidar com este período e desenvolver, inicialmente, uma melhor saúde física e mental. “Primeiramente, manter as estratégias de biossegurança já consolidadas até aqui, como usar máscara, manter distanciamento e usar álcool em gel são essenciais. Aplicar essas medidas básicas minimiza a possibilidade de incremento da ansiedade por insegurança e medo da própria vulnerabilidade, causadas pela constante ameaça de contaminação pelo vírus. Eu me sinto mais seguro e por isso menos ansioso”.


Em segundo lugar, ela indicou exercícios físicos e uma alimentação o mais equilibrada possível (considerando as especificidades de cada realidade econômica). Por fim, também explicou que realizar atividades prazerosas, bem como dar tempo necessário para o descanso e manter os relacionamentos sociais com base nas medidas de distanciamento podem ajudar. “Apesar do distanciamento físico, o contato por videochamada, em um parque à distância, do portão de casa com o uso de máscara é muito importante”, concluiu.

A live teve a participação do Procurador do Trabalho, Marcelo Dal Pont, coordenador da Comissão Socioambiental do MPT-SC, foi mediada pelo mestre de cerimônia Enéas Artur Martins de Souza e contou com as intérpretes de libras Mônica da Silva Azevedo e Viviany Lucas Pinheiro.


Para ter acesso ao webinar acesse o canal de Youtube da TV MPT: https://youtu.be/IbTxjIx_F30.

Fonte: Assessoria de Comunicação MPT-SC

Coordenação: Fátima Reis

Estagiários: Erick Vinícius da Silva Souza

(48) 32519913 / 988355654/ 999612861

Publicado em 02/06/2021

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